Sobre o Amarelinho

Elogio à ocupação

 

texto publicado originalmente em  http://amarelinhodaluz.wordpress.com/

 

A Ocupação Cultural Amarelinho da Luz surgiu em 2013 através da convocação do diretor da Cia Pessoal do Faroeste, Paulo Faria, a grupos que se mostrassem interessados em compartilhar um espaço de trabalho artístico e cultural na região da Luz, área histórica de São Paulo que há algumas décadas vem sendo socialmente “higienizada” através de resoluções legais as quais operam em favor de um modelo excludente de crescimento da cidade, beneficiando as elites e as instâncias privadas.

 A revitalização, ideia essa que encobre as verdadeiras facetas do processo higienista e de gentrificação na Luz, não prioriza e nem legitima a relação política entre os moradores e os expedientes históricos da região, A cultura da ocupação diz respeito a práticas de caráter substancialmente político. São diversos os exemplos de ocupações na cidade de São Paulo cuja finalidade é exigir do poder público condições mínimas de moradia e de deslocamento pelos eixos urbanos. O direito à cidade se dá, portanto, através de ações radicalizadas como essas que cada vez mais têm revelado na paisagem urbana fronts de organização social de famílias e indivíduos, precarizados pelo Estado, que não se cansam de lutar.

Atribuir novos e diferentes significados ao contexto social é um dos pressupostos das ações políticas e também da arte. Associar discursos de caráter social às práticas da cultura é de suma importância em nosso tempo, pois, através da configuração de uma interpretação simbólica sobre o meio, é possível problematiza-lo e transformá-lo.

Nesse sentido a Ocupação Cultural Amarelinho da Luz aponta para uma construção de eventos, experiências e objetos de apreciação simbólica a partir da organização e administração coletiva de um histórico edifício no cruzamento da rua General Osório com a rua do Triunfo. Com dez ateliês, sede dos grupos ocupantes divididos entre os seguimentos de teatro e cinema, e uma sala de ensaio comunitária, o espaço do prédio se redesenha como mais um ponto em São Paulo de articulação e irradiação de ações públicas, político-culturais, para com a comunidade do entorno e suas especificidades sociais.

texto: Paloma Franca Amorim
revisão: Poliana H.